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JUIZ DE FORA - 31/3/2015 - 14:34
JF+Vida – JFEmpregos apresenta o acesso ao trabalho como caminho para dependentes químicos
Flávio Faria de Araújo não se intimida ao contar sua história. Há quatro meses em recuperação, fazia uso de drogas desde os 13 anos de idade, e o crack entrou em sua vida há exatos dez anos. Hoje, aos 33, viu-se no momento de escolher: “ou viver, ou morrer”. O “sim” para a vida o fez procurar ajuda.
Tratar a dependência química e abandonar o vício das drogas exige determinação e, acima de tudo, amor à vida. Reconhecer a dependência e procurar ajuda é um passo importante, já dado por Flávio e outras pessoas que se encontram hoje em recuperação no Centro Metodista de Assistência aos Toxicômacos (Cemat), entidade assistencial, clínica e comunidade terapêutica em funcionamento no Bairro São Geraldo, região Sul de Juiz de Fora. O tratamento dura sete meses. Se vencida a luta, é hora de retornar à sociedade, onde, entre outros desafios, terão que enfrentar o preconceito e voltar ao mercado de trabalho.
As pessoas em tratamento na entidade, todas acima de 18 anos, já trabalharam e conhecem bem a realidade das áreas de atuação. Mas, agora, precisarão enfrentar a concorrência e reconquistar o seu espaço. Ali, todos têm sonhos e vontade de realizar. Para orientá-los, a equipe do Departamento de Trabalho, Emprego e Renda da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sdeer) levou ao Cemat o projeto “JFOrienta”, que faz parte do Plano Municipal Integrado sobre Crack, Álcool e Outras Drogas – JF+Vida. Foram dois dias de encontros com informações, palestras e dinâmicas, além de apresentação do Portal JFEmpregos e orientação sobre cadastro, preenchimento de currículo e comportamento em entrevistas – atividades coordenadas pela chefe do Departamento, Leila Abrahão, que mudaram as perspectivas e fizeram refletir sobre o futuro.
Apaixonado por gastronomia, Flávio teve seu último emprego em um restaurante self-service, como auxiliar de cozinha. Profissional responsável, sempre atendeu bem. “O problema era quando recebia. Virava noites e chegava em casa sem nada”.
Flávio conheceu o Cemat através de um amigo, com quem usava os entorpecentes. Ao ver o companheiro bem, soube que também poderia se recuperar. Hoje, ele se recorda dos momentos que passou com um olhar de esperança e já tem objetivos traçados: fazer um curso de aprimoramento e uma faculdade de Gastronomia. “Já tenho experiência. Meu pai é garçom e minha mãe tem muito conhecimento. Aprendi muito com eles”, diz.
A palestra sobre o mercado de trabalho despertou Flávio para a realidade – todos ali têm capacidade e poderão, em breve, seguir a vida. “A partir do momento em que você é introduzido na droga, se desliga do mundo. Passa a se importar só com a droga e com mais nada. Nem alimento, nem família, ou higiene... Vira escravo e fecha os olhos. A palestra nos fez ver de novo. Deu esperança de terminar o tratamento e prosseguir com os nossos sonhos”.
“Nunca fui buscar o meu diploma”
Sobre as drogas, Moysés Henrique Oliveira Silva, 28 anos, tem um conselho importante: “Não experimente.” Formado em Educação Física em 2010, desperta atenções ao dizer: “nunca fui buscar o meu diploma.”
Aos 18 anos, começou a utilizar o álcool com frequência e, aos 20, conheceu a cocaína. No começo, a droga era usada nos finais de semana. “Passava a semana fissurado, mas conseguia trabalhar, na época, com suplementação alimentar. Estava desmotivado com a profissão de educador físico, mas sempre trabalhei para manter o vício. Podia estar na pior, mas nunca roubei.”
A primeira internação foi em 2014, quando passou quatro meses “limpo”. Depois de uma recaída, causada por um desentendimento amoroso, a frequência da droga passou a ser diária. Vendo a vida estagnada, Moysés procurou ajuda: “Não dava mais”.
Há três semanas no Cemat, Moysés orienta os demais na prática de exercícios físicos. “Com a palestra, vi que tenho aptidão para o trabalho. Quando sair, preciso organizar a vida com Deus, com a minha família e meu trabalho. Fazer uma pós (graduação) e correr atrás do meu registro profissional”, planeja.
O trabalho como resgate
Para a chefe do Departamento de Trabalho, Emprego e Renda da Sdeer, Leila Abrahão, o objetivo da Prefeitura é oferecer às pessoas em recuperação a oportunidade de conhecerem as formas de acesso ao mundo do trabalho, através do JFEmpregos, e refletirem sobre os seus objetivos de vida, para que possam escolher a área em que pretendem atuar.
“Falar dos sonhos neste momento é importante, resgatando também o sentimento proporcionado pelo exercício da profissão, o que as experiências de trabalho significaram, pensando no que já possuem de habilidades, talentos, para saber o que ainda precisam desenvolver”, explica.
Através das atividades, o grupo demonstrou o interesse de melhorar a sua qualificação profissional e retomar os estudos. “A definição deste propósito contribui no processo pelo qual estão passando, despertando o potencial que eles têm para a produção, para o trabalho”, ressalta Leila.
Há três anos como coordenador do Cemat, Celso Eveling Caetano, que é membro do Conselho Municipal de Políticas Integradas Sobre Drogas (Compid), conhece bem as dificuldades enfrentadas pelos jovens. “O trabalho realizado pela Prefeitura é de extrema importância e se encaixa perfeitamente nos esforços do Cemat para encaminhar essas pessoas para o mercado. O ex-dependente não pode ter tempo ocioso. Nos empenhamos para que ele saia e trabalhe, para que não volte a fazer uso de substâncias”.
Segundo o coordenador, hoje, o centro tem duas empresas parceiras que recebem os jovens. “O direcionamento para o JFEmpregos é muito importante e nos dá um leque maior de possibilidades para encaminhamento dos ex-dependentes”, avalia.
Hoje, o JFEmpregos tem mais de 1.900 empresas cadastradas, anunciando vagas todos os dias. No total, mais de 34.800 oportunidades já foram anunciadas no portal.
TEXTO: Vanessa Verdeiros
* Informações com a Assessoria de Comunicação da Sdeer, pelo telefone 3690-8341.
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