A Prefeitura Municipal de Juiz de Fora (PJF) realizou nesta sexta-feira, 20, o segundo encontro “Café Preto Solidário”, para os sevidores negros da PJF, que contou com a presença de secretários municipais e da prefeita Margarida Salomão. O evento foi realizado no auditório Cirene Candanda, localizado na Rua Halfeld, 450, 7º andar.
“Infelizmente ainda sofremos com o racismo em nosso país, e essa é uma luta travada todos os dias. Nós queremos governar a cidade para conquistar igualdade e lutar contra forças conservadoras que não querem uma mudança em prol de todos e todas”, destacou Margarida.
O servidor do Procon, Magno dos Santos, fez uma apresentação musical que animou a plateia, e a poeta Slamme, Sophia Bispo, de 16 anos, também declamou aos servidores. “Hoje eu falei sobre exaltar a cultura negra, e sobre a nossa beleza, com o poema ‘Filhos de Maria’, contando a história de muitas mulheres negras que perdem seus filhos para violência. O segundo poema foi uma carta para minha ancestral. A carta não tem nome, ela não é endereçada a uma pessoa específica para enfatizar que nós da população preta não conhecemos nossas origens certamente”.
A servidora da Secretaria de Educação (SE), Raquel Marques de Oliveira, relatou sua sensação ao participar. “Eu, particularmente, fiquei muito emocionada com o evento, porque sou neta da falecida Gabriela Crochet, conheci por muito tempo a Cirene Candanda. Este evento é perceber que a semente que elas plantaram, há muito tempo, germinou e está dando bons frutos. É muito bom compartilhar de manhã um café com o povo preto de Juiz de Fora”.
A proposta do “Café Preto” surgiu da interação entre a diretora da Fundação Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), Giane Elisa, e dos secretários de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Fabiola Paulino da Silva, e de Planejamento do Território e Participação Popular (Seppop), Martvs das Chagas.
Para Giane, o encontro promovido com pessoas negras também é chamado sobre a importância de aquilombar-se, que é se reunir para falar sobre os espaços já construídos e os que serão no futuro. “Nossa intenção é juntar as pessoas pretas na Prefeitura e que estão em cargos de chefia, porque tiveram essa opção agora, e dizer para elas que não estão sozinhas e que podemos e devemos ir abrindo caminho e criando possibilidades para que outras pessoas cheguem e para que a gente viva, de fato, uma cidade igualitária e que tenha compromisso com a promoção da igualdade racial”.
Fabíola ressaltou sobre a história dos negros e destacou que maio também é um mês de denúncia do que foi construído em cima da abolição da escravidão. “Juiz de Fora tem uma contrução muito pautada na história dos negros e negras e que, muitas vezes, é invizibilizada. Esse momento é para entendermos que nossa luta não é individual. O mês de maio é um mês de denúncia porque a abolição da escratura não foi apenas uma assinatura da princesa Isabel, mas o resultado da luta do povo negro. É necessário marcar essa data e celebrar nossas lutas e conquistas juntos”.
Martvs enfatizou a competência intelectual e excelência estabelecida no que se propõem a fazer. “Esse café preto tem o objetivo de encontrar as pessoas que historicamente contribuíram para o desenvolvimento de Juiz de Fora e que, durante a sua vida inteira, foram invisibilizados enquanto pessoas negras. Conhecer uns aos outros, conhecer pessoas que contribuem com a capacidade laboral e capacidade de melhorar a cidade, aqui encontramos pessoas de diversos departamentos de quase todas as secretarias da Prefeitura. Nosso objetivo é cada vez mais dizer para cidade de Juiz de Fora que as pessoas negras também tem sua capacidade, também podem exercer cargos de direção, porque, infelizmente, não é isso que acontece em todo país”.
O “Café Preto” será um evento recorrente e aberto para todos os servidores negros da Prefeitura de Juiz de Fora.
Para outras informações, a Seppop pode ser acionada através do telefone 3690-7105