Debater sobre o protagonismo das mulheres na luta pelo direito à moradia é uma das formas de falar sobre democracia e cidadania, e questionar até que ponto as políticas públicas vigentes atuam no reconhecimento dos direitos das mulheres na sociedade. Por isso, a Companhia Municipal de Habitação e Inclusão Produtiva (Emcasa) realizou uma roda de conversa nesta sexta-feira, 25, com servidores da pasta e lideranças comunitárias, dentre eles, a maioria mulheres. O evento está dentro da programação da campanha “Março, Mais Mulher, Mais Democracia.”
“Nós sabemos que as mulheres não possuem as mesmas condições que os homens para lidar com os problemas da vida urbana, principalmente as mulheres de baixa renda. Vamos abordar como a falta de favoritismo às mulheres impede que elas concentrem mais recursos produtivos e tenham mais acesso à propriedade, inclusive à terra e à moradia.” Destaca a assistente social da Emcasa, Luana Diniz.
Também foi discutida a importância de falar sobre o fim da desigualdade e atender às demandas habitacionais de gênero, bem como dar lugar para as mulheres na construção de uma cidade, incentivando seu protagonismo nesses espaços.
Durante o debate, a líder comunitária do Bairro Retiro, Suely Gervásio, compartilhou suas experiências à frente de movimentos comunitários que lutam pela moradia, e lembrou do tempo em que era presidente da União de Bairros e Distritos de Juiz de Fora (Unijuf). “Enfrentei muitas dificuldades por ser uma mulher em um cargo de muita representação e por isso é importante que as mulheres ocupem esses espaços, e termos diálogos como esses, para que essas pressões sejam cada vez menores.” Afirma Suely.
As servidoras da Emcasa mostraram que, no programa “Minha Casa Minha Vida”, o número de contratos assinados por mulheres é maior do que os assinados por homens, e que na maioria dos casos, são as mulheres as chefes de família. Por isso, se faz necessário que se construa uma rede de apoio com uma infraestrutura de qualidade, proporcionando para elas o acesso à creches, escolas, saúde e oportunidades de trabalho, serviços que vão dar suporte às tarefas cotidianas que sustentam suas casas.
As servidoras evidenciaram que o vínculo entre a mulher e a moradia, marcado pela responsabilidade das tarefas domésticas que permeiam o habitar, é um dos fatores que fortalece sua participação em movimentos de luta pela moradia digna. São elas que organizam, lideram e participam ativamente de diversas frentes atuantes hoje no país. Organização que abre espaço para que as mulheres possam lutar pelo direito à cidade como um todo, alcançando cada vez mais sua autonomia nos espaços urbanos.