A propagação de práticas exitosas nas ações dos equipamentos socioassistenciais da Secretaria de Assistência Social (SAS), em 2021, foi um marco do Seminário “Boas Práticas”. A iniciativa do Departamento de Proteção Básica (DPB) da Subsecretaria de Proteção e Promoção Social revelou que, mesmo em meio às adversidades causadas pela pandemia da Covid-19, o trabalho dos 11 Centros de Referências de Assistência Social (Cras) manteve o compromisso de atender a população presente em seus territórios.
As equipes dos Cras compartilharam algumas das ações desenvolvidas em suas unidades durante o ano, investindo na troca de saberes entre os profissionais e as equipes e na valorização dos resultados. A gerente do DPB, Renata Santos Barreto, ressalta que o encontro foi um espaço de reflexão, valorização das potencialidades das equipes e reconhecimento do trabalho desenvolvido nos Cras como transformadores de vidas. Barreto destaca que os Cras não interromperam suas atividades no período da pandemia e nem os desafios cessaram. “Isto trouxe uma grande responsabilidade de melhorar cada vez mais os serviços que oferecemos.”
O Seminário, também, deu oportunidade para a identificação de novas possibilidades de ações para novas estratégias de abordagem do trabalho e metodologias, assim como a replicação das boas experiências compartilhadas. A supervisora de acompanhamento do Cras, Erica Cristina Costa Fernandes, assinala que todas as experiências foram relevantes, entretanto, destaca o trabalho realizado pelo Cras Sudeste Costa Carvalho durante a campanha de ‘Setembro Amarelo’.
A unidade tratou da prevenção ao suicídio e das possibilidades de atuação da assistência social junto às famílias usuárias do serviço. Outra iniciativa colocada em evidência foi a do Cras Sudeste Olavo Costa, que apresentou a sistematização do fluxo de trabalho para abordagem com as famílias em extrema pobreza identificadas através do Cadastro Único.
A experiência do Grupo “TRANSformAção” teve sua potencialidade reconhecida. O coletivo partiu de uma iniciativa do Cras Leste Linhares para atender a demanda do grande fluxo de mulheres transexuais e travestis que iam até o equipamento. A equipe se mobilizou para proporcionar um espaço de fala e de debate de temas que fossem propostos pelas próprias usuárias. A reunião, que acontece uma vez por mês de forma presencial na unidade, tem por objetivo a viabilização de acesso da população LGBTQIA+ às políticas públicas e aos serviços oferecidos pela proteção social básica.
Além disso, o espaço tem por finalidade incentivar estudos e qualificação profissional e buscar parcerias com empresas para abrir oportunidades de trabalho. Isso vem se mostrando essencial, uma vez que de acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), 90% da população “T” no Brasil tem a prostituição como fonte de renda.
Nesse sentido, a realidade fomenta a necessidade do desenvolvimento de políticas de incentivo ao estudo e qualificação profissional, pela qual, na maioria das vezes, essas mulheres são privadas. O país é, também, o que mais registra a morte de pessoas trans. Para mudar isso, o Cras busca traçar estratégias de combate ao preconceito e a violência, visando a impulsionar o protagonismo e empoderamento das participantes e fazendo com que todes sejam dones de suas próprias histórias.
O psicólogo e idealizador do projeto no Cras Leste Linhares, Bruno Narciso, explica que a ação já vem rendendo frutos. Isto porque, “através desse encontro, já conseguimos inserir três participantes no PSA - Programa de Segurança Alimentar, uma no Programa Auxílio Moradia e uma com trabalho formal.” Narciso destaca que desde o princípio a meta era proporcionar “a troca de experiências e fazer do Cras um ponto de referência para elas. O compromisso junto a essas mulheres vêm sendo executado com êxito”.
O seminário “Boas Práticas” realçou também os projetos desenvolvidos pelas unidades do CRAS com a finalidade de reproduzir os bons resultados e buscar que as políticas públicas assistenciais sejam ferramentas da construção de uma realidade mais justa e, de fato, inclusiva.