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JUIZ DE FORA - 31/8/2021 - 15:17
Novo edital do Programa Cultural Murilo Mendes tem foco na cultura trans
Encerrando os eventos “Agosto Multicor” e “Orgulho no Paço”, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), por meio da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), lança o segundo edital do Programa Cultural Murilo Mendes em 2021. Disponibilizando o montante de R$ 200 mil, o edital “Fernanda Müller de Cultura Trans” recebe inscrições a partir desta terça-feira, 31, até o dia 19 de setembro, de forma presencial ou on-line. Os recursos são oriundos da PJF, por meio do Fundo Municipal de Incentivo à Cultura (Fumic), e o edital completo está disponível no site pjf.mg.gov.br/editaismurilomendes, desenvolvido pela Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Juiz de Fora.
A diretora-geral da Funalfa, Giane Elisa Sales de Almeida, afirma que o novo edital tem várias importâncias. “Primeiro pela merecida homenagem à queridíssima Fernanda Müller, que foi importantíssima na busca pela visibilidade travesti. Segundo, porque destina recursos públicos para o incentivo à produção cultural protagonizada pelo público T e para quem se propõe a atender a esse público em seus fazeres culturais. O edital reafirma o compromisso dessa gestão e também da Funalfa em construir políticas públicas de direito à cidade, nas quais todas as pessoas sejam incluídas e valorizadas”.
Já a gerente interina do Departamento de Recursos Compartilhados da fundação, Fernanda Amaral, explica que a proposta é fomentar ações e iniciativas artísticas e culturais individuais ou coletivas, promovidas pela ou para a comunidade transgênera, travesti, não-binária, queer, agênero, incluindo artistas cis que performam drag queen ou king.
A participação no edital é aberta a pessoas físicas maiores de 16 anos, de qualquer identidade de gênero, residentes em Juiz de Fora há, pelo menos, um ano. Menores de 18 anos deverão se inscrever presencialmente, acompanhados dos responsáveis legais. Imigrantes estrangeiros também poderão concorrer ao patrocínio, desde que estejam em situação regular. Na inscrição, será aceito o nome social do (a) proponente.
O edital “Fernanda Müller de Cultura Trans” vai contemplar projetos em três categorias (valores brutos, sujeitos a desconto do imposto de renda):
1 - Oito propostas individuais, com teto de R$ 10 mil
2 - Quatro propostas envolvendo duas ou três pessoas, com teto de R$ 15 mil
3 - Três propostas para coletividades com mais de três integrantes, teto de R$ 20 mil.
Serão premiados os melhores projetos artísticos, independente da linguagem ou área de criação: audiovisual; teatro; dança; literatura; música; moda; performance; artesanato; artes visuais ou qualquer outra que valorize a cultura e/ou a comunidade trans ou quem dela faça parte. Poderão ser inscritas propostas de atividades presenciais, virtuais ou híbridas, observadas as regras do Programa Juiz de Fora pela Vida. Todas as propostas deverão incluir, ao menos, uma medida de acessibilidade.
A primeira etapa de julgamento dos projetos inscritos será a análise documental. Já a segunda e última fase corresponde ao trabalho da Comissão Municipal de Incentivo à Cultura (Comic), que vai atribuir notas conforme critérios estabelecidos no edital. Após o resultado final, a transferência dos recursos será feita pela PJF em parcela única.
Fernanda Müller
O nome do edital é uma homenagem a Fernanda Müller, artista travesti de Juiz de Fora, ativista da pauta LGBTQIA+, responsável por importantes avanços na luta por igualdade de direitos, pela liberdade sexual e pelo combate à transfobia. Junto com outras lideranças, esteve à frente da organização de eventos, como a Parada LGBT de Juiz de Fora e o Miss Brasil Gay, maior concurso de transformismo do país.
Dirigiu espetáculos musicais e teatrais, além de casas noturnas voltadas para o público LGBTQIA+. Carnavalesca de carteirinha, foi rainha de bateria das tradicionais escolas de samba Turunas do Riachuelo e Ladeira, apoiou a organização de concursos para eleger a Corte Real da Folia e foi presença constante em bailes e outros eventos de Momo.
Seu caráter combativo não a impedia de transbordar simpatia e alegria, atraindo admiração e respeito, o que contribuiu para consolidar-se como referência na militância pelos direitos humanos, com foco na diversidade sexual e de gênero. Fernanda Müller faleceu aos 41 anos, em 5 de julho de 2013.
Ouça o podcast Acontece JF.
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