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JUIZ DE FORA - 1/12/2015 - 17:31
E.M. José Calil Ahouagi promove espetáculo sobre cultura africana, e todos os espaços da instituição são tomados pela arte
Toda uma escola unida pela valorização das culturas de nosso país. Assim está sendo realizado o trabalho durante o ano na Escola Municipal (E.M.) José Calil Ahouagi, no Bairro Marilândia. O ponto alto foi no sábado, 28, e na segunda-feira, 30, com a Congada, que reuniu toda a comunidade escolar em uma grande “Festa das Culturas”. A Congada é o nome de uma festa popular de origem africana, criada por negros escravizados no Brasil, que envolve dança, música e encenações representando a coroação do rei da rainha do Congo.
As apresentações foram realizadas de forma muito rica, com grande participação e empolgação dos alunos que coroaram dois estudantes do quarto ano: Maycon Douglas Henrique, 10, e Eveling Maria Franco, 9. Os dois foram selecionados por suas histórias de dedicação e de boa convivência na escola e pelos seus próprios depoimentos, expressos em cartas de intenção, que ajudaram a convencer a comissão a escolhê-los como representantes da unidade de ensino. Segundo a diretora da instituição, Rachel Gomes Lau, a coroação sempre é feita com alunos do quarto ano do ensino fundamental, pois eles estão na transição entre os anos iniciais e finais desta etapa escolar. “É como se fosse um rito de passagem, e os alunos se envolvem muito com toda a festividade”.
Maycon e Eveling foram coroados pela diretora, recebendo também o manto, o cajado com o nome de todos os reis anteriores, no caso do rei, e uma bolsa simbolizando a esperança e os bons desejos para 2016, no caso da rainha. Maycon ficou muito feliz por ter participado da festa: “Ser o dono do cajado por um ano é muito legal”. Eveling conta que aprendeu muito com os professores em sala de aula. “Os negros africanos foram muito castigados e passaram por muitas situações que não mereciam”, reflete a menina, falando que o momento mais marcante da encenação foi quando a diretora Rachel a coroou.
O trabalho sobre as diversas culturas espalhadas pelo mundo é realizado durante todo o ano com os alunos da instituição. Segundo a gestora da unidade, a disciplina Estudos Antropológicos está inserida no currículo da escola, e todas as organizações de vida diferentes da nossa são estudadas, com o objetivo de valorizar a memória e as culturas de outros povos. “Sempre fazemos isso de forma analógica, comparando as diferenças e valorizando as culturas que não são embasadas no ter, no consumismo. Tentamos mostrar para as crianças e os adolescentes que não somos o que temos”, ressalta.
Além deste e de outros inúmeros trabalhos que ainda estão para ser apresentados, como jogral e peças teatrais, a escola também está tomada por máscaras, bonecas, redações, desenhos feitos pelos alunos, tudo seguindo a mesma proposta. “Queremos que eles tenham novas perspectivas, que vejam o conhecimento diferente do que é formatado nas disciplinas comuns”, completa Rachel.
Ao final da apresentação, estudantes de todas as idades desfilaram com roupas e bijuterias confeccionadas nas aulas da oficina de customização, também realizada na disciplina de Arte.
A chefe do Departamento de Ensino Fundamental da SE, Gisela Ventura, avalia como positiva a prática pedagógica da valorização das diversas culturas nas escolas, com destaque para a dos povos africanos: “Trabalhar com este tema é uma questão de consciência e conhecimento. Esta é uma parte da história que, durante muito tempo, não era incluída nas nossas práticas escolares. Hoje, temos maior conhecimento da necessidade de explorar este assunto na nossa história, que é tão importante e que antes era pouco difundido”.
* Informações com a Assessoria de Comunicação da SE, pelo telefone 3690-8497.
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